O capítulo “Depois de uma pandemia: a saúde pública no Brasil nos anos 1920”, escrito por Gilberto Hochman, tem como objeto as ações governamentais voltadas para enfrentar os problemas de saúde pública no país, especialmente evidenciados com a epidemia da gripe espanhola de 1919. No momento das comemorações do Centenário da Independência em que todos os esforços deveriam estar concentrados em mostrar um país moderno, era fundamental implementar as políticas centralizadoras que por meio do recém-criado Departamento de Saúde Pública atribuíam ao governo federal papel de grande de grande relevância em relação às responsabilidades junto à saúde da população.

O artigo chama a atenção ainda para o fato de que, a despeito dos esforços realizados, as expectativas enunciadas durante as comemorações de 1922 não equacionaram os problemas estruturais que caracterizavam a sociedade brasileira, como racismo, desigualdade, mandonismo e violência política. O enfrentamento desses problemas continuaria em pauta por muito tempo.



O autor lembra que “Para o movimento sanitarista da Primeira República, as doenças não seria resultantes apenas da presença de patógenos, mas, também da ausência do poder público no interior e do abandono de suas populações pelas elites do litoral”.

Aspectos da Mostra de Saúde Pública do DNSP na Exposição do Centenário em 1922. Fundo Renato Kehl. Acervo Fiocruz.
Hochman prossegue dizendo que: “Ao ingressar nos anos 1920, o Brasil buscava soluções para seus graves problemas sociais e, ao mesmo tempo, se preparava para o centenário de sua independência com comemorações que deveriam apresentar o país como moderno. A exposição Internacional do Centenário seria a vitrine desse novo Brasil. O desafio era compatibilizar a ‘civilização e progresso’ que seriam celebrados em 1922 com a ‘descoberta’ de que os habitantes dos sertões eram doentes, iletrados e famélicos”.
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