O capítulo de Antônio Augusto Passos Videira, “Ciência e universidade no Rio de Janeiro na década de 1920”, recupera importantes debates travados ao longo da Primeira República sobre a importância da ciência pura voltada para a produção do conhecimento teórico. Nesse contexto ficam evidenciadas as tensões existentes entre aqueles que defendiam uma abordagem pragmática e utilitarista e os cientistas aglutinados em torno da Associação Brasileira de Ciência (ABC), que consideravam que o apoio à ciência pura era a fonte principal de riqueza do país.

No texto o autor demonstra a importância das atividades da ABC na reivindicação de novos padrões para o avanço da ciência no país. Ele afirma que “Uma característica sempre atribuída ás nossas instituições científico-pedagógicas ao longo do século XIX foi seu caráter técnico e voltado principalmente para a formação de engenheiros, médicos e funcionários para a administração. (…) A partir do início do século passado, algumas vozes começaram a se pronunciar publicamente contra essa visão utilitarista do conhecimento”.


“Henrique Morize e seus companheiros tentaram, com todos os meios de que dispunham, mostra que apenas a ciência aplicada não seria importante para o desenvolvimento do Brasil ou de qualquer outro país. Eles, como que remando contra a maré, defendiam a necessidade de implantação e valorização da ciência pura. Segundo eles, ela era fundamental não apenas por proporcionar novos conhecimentos sobre a natureza, mas também por ter se transformado na base sem a qual a ciência aplicada não poderia existir nem se desenvolver. A ciência pura seria, assim, uma condição necessária para a ciência aplicada. Todo e qualquer país, verdadeiramente interessado em aumentar suas riquezas, teria obrigatoriamente que investir em ciência pura”.


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