O capítulo de Marieta Ferreira apresenta um panorama do contexto político dos anos 1921/1922 quando ocorria a acirrada disputa eleitoral entre Arthur Bernardes, apoiado por Minas e São Paulo, candidato da situação, e Nilo Peçanha, apoiado pelos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco. Esse pleito revestiu-se de um caráter especial em consequência da radicalização do nome de Bernardes com a divulgação do que poderíamos chamar de fake news da época, as “cartas falsas”, que visavam incompatibilizar o candidato oficial com os militares.

O pleito de 1922 ainda buscou mobilizar setores sociais normalmente afastados das disputas eleitorais, setores médios e militares. É nesse contexto que eclodiu a primeira revolta dos tenentes e foi decretado o estado de sítio indicando o clima de conflito que estava marcando as grandes comemorações de 1922.

A autora afirma que deve ser ressaltado que “a crise política e a Reação Republicana se constituíram em pano de fundo de todos os eventos e debates que marcaram as comemorações do Centenário da Independência do Brasil. É preciso lembrar que o Sete de Setembro aconteceu debaixo de uma situação de exceção com a decretação do estado de sítio instalado em função da revolta dos 18 do Forte de Copacabana”.

“Ao mesmo tempo que os eventos comemorativos desejavam exaltar as grandezas do país e a unidade da nação, a conjuntura política demonstrava sinais de esgotamento do sistema político da Primeira República e do funcionamento do pacto oligárquico brasileiro”.

“Passados momentos mais agudos da crise de 1922, a recomposição do pacto oligárquico parecia completa, reinaugurando um novo momento de estabilidade. Essa possibilidade, entretanto, se mostrou pouco duradoura, e no final da década novamente a cisão interoligárquica se manifestou fortemente fazendo eclodir a Revolução de 30”.


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